Praça: aplicação de pena acessória de perda do cargo e tribunal competente - 3
A pena acessória de perda do cargo, aplicada a praças da polícia militar, prescinde de processo
específico para que seja imposta, ao contrário do que ocorre no caso de oficiais da corporação. Com base
nesse entendimento, o Plenário, em conclusão de julgamento e por maioria, desproveu recurso
extraordinário interposto em face de acórdão que mantivera condenação a pena acessória de perda do cargo
aplicada a praças. Alegava-se ofensa ao art. 125, § 4º, da CF, ao fundamento de que o art. 102 do CPM, ao
prever como pena acessória a exclusão de praça condenado a pena privativa de liberdade superior a 2 anos,
não teria sido recepcionado pela nova ordem constitucional. Sustentava-se, ainda, que a EC 18/1998 não
teria suprimido, para as praças, a garantia prevista no citado art. 125, § 4º, da CF (“Art. 125. ... § 4º Compete
à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e
as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for
civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação
das praças.”), já que os incisos VI e VII do § 3º do art. 142 da CF (“Art. 142 ... § 3º ... VI - o oficial só
perderá o posto e a patente se for julgado indigno do oficialato ou com ele incompatível, por decisão de
tribunal militar de caráter permanente, em tempo de paz, ou de tribunal especial, em tempo de guerra; VII -
o oficial condenado na justiça comum ou militar a pena privativa de liberdade superior a dois anos, por
sentença transitada em julgado, será submetido ao julgamento previsto no inciso anterior;”) fariam
referência apenas à perda do posto e da patente por oficiais militares — v. Informativo 549. O Colegiado
reputou que a referência à competência do Tribunal, contida no § 4º do art. 125 da CF, remeteria,
consideradas as praças, à Justiça Militar, não cabendo ver no preceito a necessidade de processo específico
para ocorrer, imposta pena que se enquadrasse no art. 102 do CPM, a exclusão da praça. Observou que,
relativamente aos oficiais, a regência seria diversa (CF, art. 142, § 3º). Do cotejo dessas normas, haveria
tratamento diferenciado da matéria em caso de condenação de praça ou oficial pela Justiça Militar a pena
privativa de liberdade superior a 2 anos. Ou seja, somente quanto aos oficiais, dar-se-ia o pronunciamento
em processo específico para chegar-se à perda do posto e da patente. Assim, o art. 102 do CPM seria
harmônico com a Constituição, consentâneo com a concentração do exame da matéria, a dispensar, com base
na Constituição, da abertura de um novo processo. Vencidos os Ministros Joaquim Barbosa, Cármen Lúcia,
Teori Zavascki, Rosa Weber e Celso de Mello, que davam provimento ao recurso, ao fundamento de que o art.
102 do CPM não teria sido recepcionado pela Constituição.
RE 447859/MS, rel. Min. Marco Aurélio, 21.5.2015. (RE-447859)
(Informativo 786, Plenário) 1
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